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:: Resenha 443 :: "O Escravo de Capela", Marcos DeBrito





Sinopse: Durante a cruel época escravocrata do Brasil Colônia, histórias aterrorizantes baseadas em crenças africanas e portuguesas deram origem a algumas das lendas mais populares de nosso folclore.Com o passar dos séculos, o horror de mitos assustadores foi sendo substituído por versões mais brandas. Em “O Escravo de Capela”, uma de nossas fábulas foi recriada desde a origem. Partindo de registros históricos para reconstruir sua mitologia de forma adulta, o autor criou uma narrativa tenebrosa de vingança com elementos mais reais e perversos. Aqui, o capuz avermelhado, sua marca mais conhecida, é deixado de lado para que o rosto de um escravo-cadáver seja encoberto pelo sudário ensanguentado de sua morte. Uma obra para reencontrar o medo perdido da lenda original e ver ressurgir um mito nacional de forma mais assustadora, em uma trama mórbida repleta de surpresas e reviravoltas.

Quando a gente sente até vergonha de falar sobre um determinado
assunto e uma imagem vale mais do que 1.000 palavras.

Fala aê, bando de viciados em leitura ^_^

Este é o primeiro livro de Marcos DeBrito que eu leio, e já quero ler outros.

O cara escreve MUITO bem, de uma forma fluida e bem explicada, você não precisa voltar, uma única vez, para ler novamente uma frase que não tenha entendido. Ao mesmo tempo, nos traz palavras que não costumamos ver no nosso dia a dia, que se encaixam tão bem no contexto da narrativa, que você fica repetindo a palavra na sua cabeça.

A história da fazenda Capela é contada de forma que você se sente transportado ao local, a ambientação é perfeita. Assim que comecei a ler o livro, me senti assistindo a uma novela de época e conseguia imaginar os personagens encarnados em famosos atores de novelas brasileiras e filmes internacionais.

Percebe-se que o autor pesquisou a fundo sobre o tema que decidira escrever.
A riqueza nos detalhes não fica como algo que está sobrando, muito pelo contrário, é o que falta na maioria das histórias de época, transportar o leitor para aquela determinada época.

Em um pedaço de terra, tido como fazendo de plantação de cana, no Brasil, começa a história.


Existe uma tensão no ar. Cada vez que Antônio Batista desenrola seu chicote, o medo se espalha pelo ar, como o fedor de carniça que em breve rondará a fazenda Capela, como moscas, ávidas a colocarem seus ovos em carne fresca e úmida.

Quanto amor pode existir entre dois irmãos?
Quanto ódio pode existir onde existe o amor?
Até onde o amor e o ódio são o mesmo sentimento?


Depois que a mãe abandona a família, resta ao filho caçula buscar uma vida diferente, num outro país, numa outra cultura; pois o mais velho já foi consumido pelos vícios e virtudes do pai e logo cedo já é treinado para se tornar a nova mão de ferro que mantém a ordem através do medo.

Ao voltar dos estudos, Inácio, o caçula, encontra a mesma fazenda de sempre, propriedade de seu pai, sua casa, mas não a enxerga mais com os mesmos olhos. O estudo lhe trouxe a sabedoria que não tinha quando menino e a formação de médico lhe faz enxergar QUALQUER ser humano como um semelhante que tem no mínimo o direito a sua dignidade.


Em meio a abusos, humilhações públicas e shows de violência gratuita e desnecessária, Antônio, o primogênito, se revela um grande vilão, daqueles que você pega ranço rápido e fica odiando de cara. O novo escravo que chegou na propriedade que o diga. O rapaz vindo do Congo, não fala ou entende uma única palavra em português. Pobre coitado.

Um rapaz novo e arredio, logo pensa em fugir e/ou se vingar.
Ah, a vingança é um prato que se come frio, e pelas beiradas.
Até mesmo Sabola, o escravo injustiçado, descobrirá isso.
Da pior maneira possível, sabendo que o tempo é relativo.
E quem não é afetado pelo tempo, tem todo o tempo do mundo.
Seja para se vingar ou para trazer justiça onde esta se faz necessária.


Segredos serão revelados ou enterrados junto daqueles que os guardavam.
Mas por lá, enterrar algo não é a solução para apaga-lo para sempre.
A terra que um dia traga, cospe de volta, podridão mastigada e não engolida.


Quantas pernas são necessárias para “dar uma pernada”?



Título: O Escravo de Capela
Autor: Marcos DeBrito
ISBN-13: 9788562409899
ISBN-10: 8562409898
Ano: 2017
Páginas: 288
Editora: Faro Editorial
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Classificação:





Sobre o autor:



Cineasta premiado, Marcos DeBrito vem sendo considerado a grande renovação na produção de filmes de suspense e terror no Brasil. Começou a escrever histórias que lhe vinham à cabeça apenas para lidar com seus próprios medos, na esperança de esconjurar seus demônios e calar as vozes que não o deixavam em paz. O destaque de sua produção está na crueza como retrata as diferentes faces do mal, mas não é apenas isso. Todas as suas histórias contêm elementos de mistério e surpresas que desafiam o público a desvendar a mente dos personagens. Diretor, roteirista e escritor, O Escravo de Capela é seu terceiro livro publicado. Condado Macabro, seu primeiro longa-metragem, foi lançado nas salas comerciais em 2015 e vem mostrando a força de sua narrativa em festivais por todo o país e no exterior.

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