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:: Resenha 392 :: "A Joia", Amy Ewing


Sinopse: Joias significam riqueza, são sinônimo de encanto. A Joia é a própria realeza. Para garotas como Violet, no entanto, a Joia quer dizer uma vida de servidão. Violet nasceu e cresceu no Pântano, um dos cinco círculos da Cidade Solitária. Por ser fértil, Violet é especial, tendo sido separada de sua família ainda criança para ser treinada durante anos a fim de servir aos membros da realeza. Agora, aos dezesseis anos, ela finalmente partirá para a Joia, onde iniciará sua vida como substituta. Mas, aos poucos, Violet descobrirá a crueldade por trás de toda a beleza reluzente - e terá que lutar por sua própria sobrevivência. Quando uma improvável amizade oferece a Violet uma saída que ela jamais achou ser possível, ela irá se agarrar à esperança de uma vida melhor. Mas uma linda e intensa paixão pode colocar tudo em risco! Em seu livro de estreia, Amy Ewing cria uma rede de intrigas e reviravoltas na qual os ricos e poderosos estão mais envolvidos do que se possa imaginar, e onde o desejo por saber o destino de Violet manterá o leitor envolvido até a última página.

Provavelmente eu já comentei aqui no Viciados em Leitura que desde que começei a resenhar, um gênero acabou ganhando certo destaque na minha vida, e pior, eu nunca havia lido distopia antes do VL! Toda essa estrutura de narração onde um mundo é criado para sutilmente apontar defeitos da nossa sociedade é fascinante para mim e as distopias mais adolescentes ganham um carinho especial por serem tentativas dos autores de transmitir isso para jovens. Não vou citar todos que li ou pretendo ler, mas se você deseja alguma resenha que não tenha aqui no blog, entre em contato, tudo bem? Agora vamos falar exatamente de A Joia, distopia Girl Power em um mundo dividido e o poder centralizado em uma única camada sem esquecer um enorme jogo de intriga.

Se você lembra lá da minha resenha de A Rosa Branca, essa parte pode soar repetitiva, mas caso não, vamos lembrar como é a sociedade criada pela Amy nessa série. Cabe aqui um parênteses, a história toda acontece em uma ilha e uma coisa que me deixou a desejar nos livros foi que nenhum personagem quis saber como é fora dessa ilha, como é a vida em outros países, como é o mundo. Tudo bem que não é uma ilha pequena, é um país dividido em 5 partes e totalmente cercado, mas sabe aquele sentimento quando a gente é criança e a mãe fala “não olha para o lado...” e você olha? Ninguém quis conhecer como é do outro lado do muro em todo esse tempo? Como assim?

Lembro-me daquele dia horrível quando os Militares chegaram, uma recordação que é tão antiga, tão embaralhada quanto um quebra-cabeça incompleto. Eu chorando e gritando, implorando para que ela não os deixasse me levar. Os olhos de Hazel arregalados e suplicantes, suas mãozinhas agarrando meu vestido esfarrapado. O brilho frio da arma de um Militar. E minha mãe com os lábios colados na minha testa. As lágrimas molhando meu cabelo quando disse:
— Você tem que ir com eles, Violet. Tem que ir com eles.

Mas enfim… Existem 5 círculos nessa ilha: o Pântano, camada mais pobre, onde seus moradores trabalham nos outros círculos, mas não tem dinheiro para não viver de lá; a Fazenda, parte da ilha destinada a produção de alimentos com terras super férteis onde literalmente tudo que se planta, cresce; a Fumaça, zona industrial coberta de uma poluição que deixa seus moradores doentes, o Banco, lugar de comércio e de moradores ricos, porém eles não fazem parte da Realeza, apesar de muitos terem dinheiro, inclusive, para comprar uma substituta e, por fim, temos a Joia, lugar onde vive a Realeza, incluindo as famílias fundadoras dessa sociedade e onde as meninas do Pântano que demonstram a habilidade dos presságios vão morar com o único objetivo de ser incubadoras para as mulheres de realeza que são incapazes de gerar filhos.

Um: ver o objeto como é. Dois: ver o objeto em sua mente. Três: submetê-lo à sua vontade.

Presságios? Poderes? Sim, você leu certo! As meninas que nascem no Pântano precisam ser testadas assim que ficam menstruadas pela primeira vez, e aquelas que demonstram possuir poderes, chamados de presságios, são levadas para viver em alojamentos onde elas só têm contato com suas cuidadoras e outras meninas na mesma situação e de lá saem aos 16 anos para serem vendidas em leilões (tá ficando bizarro!), para que elas possam gerar os filhos das mulheres da Realeza que são todas inférteis! Uma dessas meninas é a Violet e vamos conhecer a nossa protagonista no dia anterior ao seu leilão e ela já deixa claro que não gosta nem um pouco dessa história de ser vendida como um objeto e pior ainda, ser obrigada a gerar um filho para uma estranha que é, na realidade, sua dona. Porém, Violet nada pode fazer contra esse sistema, vivendo isolada, conhecendo apenas outras Substitutas, sua revolta é vazia, o que pode uma menina fazer contra um sistema?

Uma pequena pedra é suficiente para começar uma avalanche. Vou ajudar as outras meninas, mais do que pode imaginar. Vou ajudar todo mundo que está sob o domínio da realeza. Mas nada disso terá importância se eu não puder ajudar você.

O que vamos descobrindo junto com Violet a partir do momento em que ela passa a morar no Palácio do Lago, uma das famílias fundadoras, é que nem tudo é o que parece, seus poderes são mais fortes, mais vivos e mais desejados do que ela foi levada a crer e que talvez seja ela quem tenha todo o poder nessa trama. E ela não é a única que está revoltada com essa sociedade de poder centralizado, outros também estão se movimentando e uma revolução está crescendo com membros imprevisíveis dentro da Joia o problema é que a Violet vai conhecer o acompanhante de luxo Ash, que tem tão pouco poder sobre sua vida quanto Violet e esse sentimento nascente entre eles pode mudar todo o jogo.

Prove que é digna de confiança e será recompensada. Desrespeite uma dessas regras e eu vou ficar muito desapontada. E não acredito que queira enfrentar meu desapontamento.

Uma das grandes maravilhas dessa série é o empoderamento feminino, a trama gira em torno de mulheres, para o bem ou para o mal. Nossa protagonista é forte e ao mesmo tempo ingênua, afinal ela tem apenas 16 anos e a antagonista principal é também a mulher forte, mas extremamente manipuladora, e talvez esse seja um pequeno defeito no enredo, a falta de camadas nos personagens. Violet é boa e não faz nada errado, não tem dilema, é altruísta, perfeita até, enquanto a Duquesa do Lago, Pearl, se mostra já na sua primeira aparição como a vilã. Eu teria curtido mais se os personagens tivessem mais camadas, mas isso não compromete a leitura, pelo contrário. A Joia é uma ótima distopia para quem nunca leu esse gênero, já que o seu cenário limitado a uma ilha e personagens mais laterais, faz a leitura ser fácil e perfeita para um entretenimento rápido. E se prepare para aquele final do tipo O QUE?! Tão típicos das trilogias e nessa não poderia deixar de ter e com a escrita simples da Amy, o livro fui em uma boa velocidade. Não é o meu favorito, mas é ótimo, vale a leitura e que venha logo o terceiro e último livro dessa trilogia!


Nome: A Joia
Série: A Cidade Solitária 01
Autora: Amy Ewing
ISBN-13: 9788544101841
ISBN-10: 8544101844
Ano: 2015
Páginas: 352
Compre aqui: Amazon
Classificação: 


Sobre a autora: 

Ela cresceu em uma pequena cidade nos arredores de Boston, onde sua mãe bibliotecária incutiu a ela um profundo amor pela leitura. Amy mudou-se para Nova York em 2000, para estudar teatro na Universidade de Nova Iorque. Ela trabalhou em restaurantes, como assistente administrativa, babá, e representante de vendas para um distribuidor de vinho antes de começar a escrever. Amy tem mestrado em Escrita Criativa para Crianças por The New School, onde ela teve a sorte de encontrar uma comunidade fabulosa de escritores YA. Ela mora no Harlem, onde ela passa os dias escrevendo, comendo queijo, e, ocasionalmente, assistindo The Vampire Diaries.

Comentários

  1. Distopia é um gênero que acaba ficando para trás na minha lista de prioridades; mas li A seleção (acho que é um distopia, né) e gostei bastante das questões políticas e da maneira como é criado um novo mundo.
    E por falar em A seleção, essa capa me lembra muito os livros da série.
    Me chamou atenção o fato de ser Girl Power, acho ótimo esse empoderamento.
    É estranho não ter uma personagem rebelde querendo saber o que tem além, e a maneira como as coisas são nesse mundo é bizarra.
    Por enquanto não tenho vontade de ler.

    Beijos

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  2. Oi Tali, tenho lido poucas distopias ultimamente mas a capa desse livro sempre me chamou a atenção e a sinopse também. Pelo que li na resenha é uma história até certo ponto simples e como você disse boa pra quem tá iniciando em distopias ou pra quem tem tempo que leu uma e tá enferrujada, haha eu. Eu curti muito a resenha, e vou esperar lançar o terceiro livro, pois há sempre o risco da editora me deixar na mão :/, e procurar ler os livros ;)

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  3. Olá Talita!!!
    Essa é uma distopia que estou curiosa em ler, apesar de não ser muito fã de distopias desde de que eu vi a sinopse da mesma venho querendo saber mais sobre ela.
    Eu amei ver que o livro tem uma coisa de Girl Power e admito que essa coisa de mulheres ser vendidas para gerar filhos para mulheres de uma classe mais elevada me fez lembrar o livro "O Conto da Aia", não sei se já leu?? Se não super recomendo.
    Adorei a resenha!!!

    lereliterario.blogspot.com

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  4. Olá Tali!!!
    Adorei a resenha!!!
    Te confesso q ainda não li nenhuma distopia e sendo ainda mais sincera, nem sei se já reconheço direito os gêneros...mas adoro, quando as resenhas ajudam citando-os, obrigada :-*
    Fiquei curiosa com essa história e como vc disse, q é boa pra quem nunca leu esse gênero, vai pra imensa lista ;-)
    Bjs :-*

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  5. Eu já tinha ouvido falar muito respeito desse livro mas ainda não me interessei em ler a história o fato do livro ser fantasia já me chamou atenção mas acho que não é o momento de ler ele

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