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:: Resenha 339 :: "Xeque-mate da Rainha", Elizabeth Fremantle





Sinopse: A corte do rei Henrique VIII, repleta De intrigas e traições, é palco para esse Romance histórico avassalador Um romance histórico avassalador, repleto de intriga e traição. Elizabeth Freemantle conduziu extensa pesquisa para recriar o universo da corte do rei Tudor, Henrique VIII. Katherine Parr, sexta do rei, trilha um caminho perigoso entre paixão e lealdade. Muito mais nova que seu marido, ela precisa aprender rapidamente a lidar com os perigos da corte Tudor, especialmente no que diz respeito à sua fé e ao seu verdadeiro amor. Divorciada, guilhotinada, morta, divorciada, guilhotinada. Esse é o histórico das ex-mulheres do meu noivo. Estou apaixonada por um homem que não posso ter e prestes a casar com um homem que ninguém desejaria - meu noivo é Henrique VIII, que já guilhotinou duas esposas e divorciou outras duas e assistiu uma morrer durante o parto. Como sobreviverei uma vez que me tornar a rainha da Inglaterra?






A breve opinião de uma mente em choque:


Um pouco difícil saber por onde começar, pois não é tão frequente um livro pequeno ter tanto conteúdo e tão bem explicado em poucas páginas. Sou suspeita para falar, pois a história da Europa, de uma forma geral, é bastante presente na minha linha de gostos, de forma que esse, em específico, conseguiu juntar o final do reinado de Henrique VIII – período pelo qual sou apaixonada – com a forma de texto que mais me agrada: a prosa.
Não foi exatamente no começo do livro que percebi que era uma narrativa baseada em fatos reais – na verdade, foi somente no final –, mas, ainda assim, no decorrer de toda a leitura, a sensação é de que realmente está vivendo a corte do mais expressivo rei da Inglaterra, percebendo toda a podridão e realidade que existia naquele período da história, tanto no âmbito político-social, quanto da própria vivência do ser humano no dia a dia.
O livro fala sobre a última rainha de Henrique VIII, Katherine Parr, a qual era uma mulher, que, de muitas formas, chamava atenção na corte, tanto por sua inteligência, como por ter enterrado três maridos, sem gerar filho algum. Com o falecimento de seu último marido, Katherine retorna à corte inglesa – por solicitação de sua família, que, como todas as outras, tem a necessidade do “alpinismo social” –, tornando à convivência com todo um contexto que sempre havia detestado: a ganância, inveja e intrigas.
A questão toda é que Katherine sempre teve a simpatia do Rei Henrique VIII, desde o casamento com seu último falecido marido, que tinha ligação direta com o rei da Inglaterra. Com o retorno àquele ambiente, a personagem torna à convivência das criaturas mesquinhas e fofoqueiras, assim como aos olhos do rei e aos, daquele por quem começa a criar certo afeto: o primo de Henrique VIII. Talvez não tenha sido a escolha mais brilhante de seu coração...
Quer dizer: “Minha filha, escolhe outro menos chamativo, mais pobre”, mas nããããão! Ela escolhe logo o PRIMO do rei!
Mas, enfim, né, Deus sabe o que faz... o.o’
Então, nessa situação, Katherine é coagida a se casar com o rei e, obviamente, afastada daquele que ama. [Gente, isso não é spoiler! Está na sinopse e no nome do livro! XD “Xeque-mate da rainha”! Ela é rainha, virou rainha, beijos para o amado! Hahaha.]
Ao longo das páginas – mesmo sem saber da realidade que nelas contêm – podemos nos sentir dentro da história, vivendo aquele momento.
Não é toda a beleza que acreditamos existir nesse período – vestidos, beleza, jóias e a divertida intriga entre as mulheres e homens –, mas, sim, um universo podre de maldade entre as pessoas, onde a ascensão social está acima de qualquer coisa, inclusive da própria honra e família.
Não é apenas uma colocação social muito bem feita, mas, sim, os detalhes sobre a época foram tão ricos, que você se sente percebendo o desconforto, que poderiam passar aquelas pessoas. Não era, simplesmente, uma ambientação, mas, sim, toda uma contextualização do que era aquela vida, desde a forma como se vestiam e falavam as pessoas, até a retirada diária de piolhos e dispensa de fezes, que as empregadas faziam.
“Aaaai, que nojento!”
Nojento, sim, mas necessário! Achei perfeito, que alguém tenha verdadeiramente se preocupado com a realidade daquele período, que não tivesse mantido a descrição, apenas, de um ambiente belo e intrigueiro por baixo das saias. Claro que a graça toda da leitura é a trama, a forma como se desenvolvem, mas toda a contextualização é necessária. Aos meus olhos, não se pode ignorar a realidade pela qual aquela gente vivia, todas as dificuldades de locomoção e vivência.
Temos muito a impressão de toda uma graça das eras Medieval e Moderna, com toda uma beleza, cavalheirismo, poder e amores proibidos, mas não era bem assim. Na realidade, não era nada assim.
Esse livro mostra como tudo era muito difícil: cheio de temores pela própria vida – caso fizesse algo de errado ou aparentassem algo de errado –, o conflito entre irmãos por postos maiores e aproximação com a corte real, o machismo mais do que claro – no qual as mulheres eram tratadas como gado e mercadoria, servindo, apenas, para serem expostas como damas mudas –, as, anteriormente citadas, dificuldades de higiene – o que, obviamente, poderia levar aquele povo à morte, já que simples comportamentos que temos hoje impedem graves infecções; a morte era muito fácil; uma febre era algo desesperador para alguém.
Não somente essas coisas – oh, pequenas coisas! – foram muito bem colocadas, como a descrição do próprio Henrique VIII.
Para aqueles que não sabem, que gostam muito de assistir filmes e séries de época como “The Tudors”, “A outra”, etc, podem tirar o cavalinho da chuva, pois o rei não era nada daquela beleza toda retratada pelas câmeras. Hahaha. Nunca foi, na verdade.
Para aqueles que gostam e tem certo conhecimento sobre essa parte especifica da História, Henrique VIII era um homem obeso, sem higiene alguma, doente – devido às úlceras nas pernas, provocadas por sua falta de higiene e peso –, com o temperamento extremamente maleável e perigoso. Perigoso, sim, pois já havia enterrado cinco mulheres.
Katherine Parr foi sua sexta esposa e, apesar de ter sido escolhida por ele por sua inteligência, a forma como falava e sua destreza com as palavras, tinha plena consciência de que contrariar o regente, aquele em especifico, não seria muito esperto de sua parte. Uma criatura brilhante, que, obviamente, ele tinha necessidade de possuir e, por consequência, “objetificar”. Jamais se contestava o rei da Inglaterra, por medo de que, assim como outras duas, pudesse perder sua cabeça.
O trajeto curto descrito de Katherine Parr ao lado de Henrique VIII deixa bastante claro como era a vida de uma rainha, seu mutismo aparente, a aceitação imposta do comportamento diário, relações sexuais desagradáveis e as armações que tinha de realizar por debaixo dos panos para conseguir ter um mínimo de realização.
A vontade que eu tenho é de sair falando loucamente sobre tudo o que acontece nesse livro, porque é simplesmente fantástica a forma como os personagens são posicionados, a forma como a história foi montada dentro da realidade. Quase todos os personagens existiram de verdade – com exceção de um – e, em momento algum, existe alguma confusão fora de contexto entre eles. Tudo é muito bem casado, bem posicionado, trabalhado no que verdadeiramente aconteceu, juntamente com o toque maravilhoso de uma história fictícia. Ainda que não haja ficção em tais fatos, o posicionamento de um livro sempre tem um toque da alma do autor.
É maravilhoso e me senti ali, ao lado daquelas pessoas; rindo, chorando, sentindo raiva; todos os sentimentos possíveis, que podem levar alguém à emoção de uma trama.
Houve, porém, algo que não me deixou muito entusiasmada no começo, que me fez desacelerar um pouco a leitura: a escrita.
Não é mal descrito, exatamente, mas houve, em diversas situações, uma certa dificuldade em manter o tempo verbal. Por vezes se descrevia no presente, por vezes no passado, e tudo em um mesmo parágrafo. Também me incomodavam frases muito longas, com vírgulas em excesso e, por vezes, descrições muito cruas, que pareciam receitas de bolo de laranja.
Durante alguns dias, fiquei realmente incomodada e com dificuldade em manter a leitura; depois, fiquei me perguntando se a escrita, de fato, tem a ver com a autora ou com a tradução do texto. Não é exatamente fácil responder a essa pergunta, até porque não duvido nada de que a tradução não tenha sido das melhores [já vimos cada uma, não?]
Assim considerando, acabei deixando de lado esse pequeno incômodo e dei continuidade à minha leitura, que, de forma alguma, foi uma perda e extremamente prazerosa.
Considerando que é uma história real e não um conto de fadas, o final é, simplesmente, revelador. Não acreditei no que aconteceu, sinceramente!
POR FAVOR, LEIAM!
Leiam, porque não acreditei no que aconteceu nas últimas páginas. O choque foi tão grande, que fiquei letárgica por alguns dias após o término do livro. Questionei a vida, o mundo e tudo o mais. Hahaha.
Sabem daqueles livros, que, apesar de fabulosos, quando terminam, fazem com que você se sinta mal, sofrido, pensando sobre a sua própria vida e o que vem pela frente?
Esse foi um deles.
Foi mesmo.

Com toda a certeza, irá para a minha prateleira de amores. <3

... Só estou procurando, ainda, o xeque-mate da rainha, mas tudo bem! XD


Título: Xeque-mate da rainha
Autor: Elizabeth Fremantle
ISBN-13: 9788584390038
ISBN-10: 8584390030
Ano: 2016
Páginas: 328
Editora: Paralela
Compre aqui: Amazon | Submarino

Classificação:






Sobre a autora:


Quis ser escritora desde criança, depois de vários outros empregos e também em revistas de moda, como Vogue, Elle e The Sunday, casou-se e foi para Paris, trabalhando na Vogue francesa. Após o divórcio retornou para Londres, onde permaneceu e passou a trabalhar como escritora.

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