Pular para o conteúdo principal

:: Resenha 146 :: "Revival", Stephen King



Sinopse: Em uma cidadezinha na Nova Inglaterra, mais de meio século atrás, uma sombra recai sobre um menino que brinca com seus soldadinhos de plástico no quintal. Jamie Morton olha para o alto e vê a figura impressionante do novo pastor. O reverendo Charles Jacobs, junto com a bela esposa e o filho, chegam para reacender a fé local. Homens e meninos, mulheres e garotas, todos ficam encantados pela família perfeita e os sermões contagiantes. Jamie e o reverendo passam a compartilhar um elo ainda mais forte, baseado em uma obsessão secreta. Até que uma desgraça atinge Jacobs e o faz ser banido da cidade. Décadas depois, Jamie carrega seus próprios demônios. Integrante de uma banda que vive na estrada, ele leva uma vida nômade no mais puro estilo sexo, drogas e rock and roll, fugindo da própria tragédia familiar. Agora, com trinta e poucos anos, viciado em heroína, perdido, desesperado, Jamie reencontra o antigo pastor. O elo que os unia se transforma em um pacto que assustaria até o diabo, com sérias consequências para os dois, e Jamie percebe que “reviver” pode adquirir vários significados.



Ok, vamos lá....


Há um tempinho atrás eu respondi uma enquete onde a pergunta era sobre um autor que tinha tocado o meu coração. Hahahahaha aí veio a dona Bia e riu da minha cara... Foi uma risada tipo, meio ponto de exclamação com um ponto de interrogação junto. Mas eu entendo esse  tipo de “risada”, até porque o titio King é considerado o mestre do horror e então vem aquela pergunta: "Como o mestre do horror tocou seu coração?"

Para quem não sabe, quem despertou o meu gosto para a leitura, foi ele. Eu era mais uma fã de cinema e minhas experiências com os livros eram apenas os obrigatórios de escola. Então, em uma bela noite eu acabei assistindo um filme dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por um dos meus atores favoritos, Jack Nicholson. O tal filme era o Iluminado e gente... eu pirei! Eu amei tanto a história que fui atrás pra saber um pouco mais e para a minha surpresa eu descobri que o tal filme que tinha amado, era uma adaptação de um livro de um tal de Stephen King.

A parada então aconteceu, eu fiquei curiosa e fui atrás do livro. E confesso que quando peguei e vi a quantidade de páginas daquele livro de bolso, com capa horrorosa... eu quase desisti. Eu acho que minha reação foi normal, pois eu não tinha gosto pela leitura, mas depois acabei dando chance e como um click, eu fui absorvida para o mundo da leitura. Mesmo o livro sendo de horror, eu achei a narrativa e a trama muito legal e sem contar os personagens. Enfim, acabei devorando o livro e quando terminei, encontrei uma porta. E essa porta que acabei abrindo para esse caminho maravilhoso que é a leitura, só fez crescer um sentimento gostoso de conhecer novos mundos, novas tramas, novos personagens e claro, curtir cada o momento. Fazendo com que o meu querido coração bipolar, abrace aquela história por um bom tempo. 

E foi isso que senti novamente, quando terminei de ler Revival.

“De certa maneira, nossa vida parece mesmo um filme. Família e amigos formam o elenco principal. Vizinhos, colegas de trabalho, professores e conhecidos são os coadjuvantes. Tem também os personagens com participações curtas: a caixa de supermercado com sorriso bonito, o garçom simpático do bar, os colegas de academia que encontramos três vezes por semana. Por fim, milhares de figurantes passam pela nossa vida como água pela peneira. (...)
(...) Às vezes, porém, entra em nossa vida alguém que não se encaixa em nenhuma dessas categorias.  É  o palhaço de mola que pula da caixinha vez por outra ao longo dos anos, não raro durante momentos de crise. No cinema americano, esse alguém é chamado de quinto personagem, ou agente de mudança. Quando ele surge em um filme, dá para saber que foi o roteirista quem o pos ali. Mas e o roteiro da nossa vida? Quem escreve? O destino ou o acaso? Quero acreditar que seja o último. Quero mesmo, do fundo  do meu coração. (...) 

Em Revival vamos conhecer a vida de Jamie Morton, o caçula de uma família de cinco irmãos e sua relação com o novo reverendo da cidade, Charles Jacobs. A amizade de Jamie com o tal reverendo, o decorrer dos acontecimentos e as consequências, faz com que a história fique cada vez mais interessante. A narrativa de suas lembranças, desde criança até a fase adulta me agradou muito, pois vamos acompanhando as transformações e as mudanças de Jamie durante os anos seguintes. As reflexões que o personagem comenta, são muitas vezes como um soco no estômago.  Revival  é como um livro de memórias, onde os temas como vícios, ciência, fé e dor, estão presentes em todos os momentos.  

É um livro estilo King: à conta gotas, que aos poucos você vai se surpreendendo, pois você não espera tal acontecimento. Um livro onde a nostalgia e a luta com os próprios demônios estão presentes de uma maneira bem intensa e ao mesmo tempo sensível. Confesso que teve um momento especifico que chorei até soluçar, pois era como se eu estivesse lá naquela hora. Uma parte onde eu tive medo de continuar a leitura e que quando decidi continuar, me quebrou de vez. Vocês podem até achar que é um exagero da minha parte quando cito que me quebrou, mas a real é que King tem o dom de te deixar totalmente desestruturada quando ele quer. 


É... não tem jeito, ele é malvado quando quer...

Enfim, não quero e não gosto de falar muito da história dos livros do King para não estragar a surpresa de quem vai ler, até porque a sinopse já tá fazendo o seu papel aqui. Mas fora isso, posso dizer que quando conhecemos Charles Jacob, a sua perda na fé em Deus, seu amor pela eletricidade e sua relação com Jaime Morton, o protagonista que poderia ser um excelente músico em uma banda de rock, se não escolhesse outro caminho. Vemos um livro sobre segundas chances, com um começo e um final que me deixou sem palavras e uma história com personagens muito bem construídos. De fato, uma trama interessante e totalmente diferente do estilo que ele costuma ter, o que faz Revival ser especial. <3 

 (...)Quando penso em Charles Jacobs - meu quinto personagem, meu agente de mudança, minha Nêmesis -, não ouso acreditar que a presença dele em minha vida tenha qualquer ligação com o destino, por isso significaria que todas aquelas circunstâncias terríveis - aqueles horrores - estavam fadadas a acontecer. Se for assim, a luz não existe, e nossa crença nela é mera ilusão. Se for assim, vivemos na escuridão, como animais em uma toca, como formigas nas profundezas de suas colônias.




Uma coisa interessante e que está na primeira página, é a dedicatória que o King escreveu:

"Este livro é dedicado a algumas das pessoas que pavimentaram meu caminho:
Mary Shelley
Bram Stoker
H.P. Lovecraft
Clark Ashton Smith
Fritz Leiber
August Derleth
Shirley Jackson
Robert Bloch
Perter Straub
  e a ARTHUR MACHEN, autor do conto “O grande deus Pã”, que me assombrou a vida toda." 





Então é isso, Revival é um livro que você deveria ler... Sério! Uma história onde mostra o que acontece quando o homem perde a sua fé, uma história bem humana posso dizer, onde a luta pelos demônios internos chega ser exaustivo e muito difícil, uma história onde mostra que não estamos livres de certas emoções em decorrência a certos acontecimentos. Podemos sim, escolher o nosso caminho, mas muitas vezes é bem difícil saber qual caminho escolher.


"A vida é uma roda, e sempre volta ao ponto onde começou."


Espero que vocês coloquem Revival em suas listas, tenho certeza que vão se surpreender.


Título: Revival
Título original: Revival
Autor: Stephen King
ISBN-13: 9788581053103
ISBN-10: 8581053106
Ano: 2015
Páginas: 376
Compre aqui: Amazon
Classificação:

Sobre o autor:


Stephen King é um autor de mais de cinquentas livros best-sellers no mundo inteiro. Os mais recentes incluem Revival, Mr. Mercedes, Escuridão total sem estrelas (vencedor dos prêmios Bram Stoker e British Fantasy),Doutor Sono, Joyland, Sob a redoma (que virou uma série de sucesso na TV) e Novembro de 63 (que entrou no TOP 10 dos melhores livros de 2011 na lista de New York Times Book Review e ganhou o Los Angeles Times Book Prize na categoria Terror/Thriller e o Best Hardcover Novel Award da organização International Thriller Witters). Ele mora em Bangor, no Maine, com a esposa, a escritora Tabitha King.

Comentários

  1. Oi Grazi, parabéns pela resenha. Então, eu não li muitos livros desse autor, mas já me considero fã pelos que eu li. Ele consegue contornar todas as situações e é incrível como define seus personagens. Inclusive, já ouvi falar muito bem sobre esse livro e tenho muita curiosidade em lê-lo. O que mais me chamou a atenção é que, apesar de todas as problemáticas, o leitor consegue encontrar mensagens sobre nossas percepções, fé e afins. É muito bom quando uma obra consegue repassar algum ensinamento. Acho que a sinopse já informa bastante coisa, mas é claro que é de se esperar que tenham muitas surpresas pelo caminho. Tá na minha meta de leituras, com certeza! Beijos, Fê

    ResponderExcluir
  2. Oii... estava ansiosa aguardando por essa resenha. Não gosto de nada muito assustador mas esse livro é um dos que fiquei bem curiosa pra ler assim que soube dele, e sendo escrito pelo King é de se ficar com as expectativas bem altas.
    Você tem razão, KING tem o talento nato de humanizar seus personagens, é incrível como a gente se envolve ao ler qualquer obra dele, gostei muito de saber que esse livro trata também de fé, adoro quando o livro aborda esse tema.
    Quero muito ler Revival por três motivos, o 1º é que eu fui atraída totalmente para esse livro com a sinopse e as resenhas que eu já li. 2° pelos temas que o livro aborda, que são temas fortes e que mexem mesmo com nossos sentimentos. 3º que essa capa é demais e quando a capa é demais eu tenho que ler o livro mesmo que eu me decepcione depois. Enfim... adorei saber que o desfecho te deixou surpresa.
    Ainda vou ler Revival, com certeza!

    ResponderExcluir
  3. Oi, Grazi
    Realmente é a primeira pessoa que ouço falar que começou a ter amor pelos livros através do King, ou melhor, que ele tenha tocado o coração rs Mas te entendo. Infelizmente ainda não li nada do autor, mas sempre tive muita vontade. Que bom que gostou tanto desse livro, ele realmente tem recebido muitos elogios. Espero poder ler em breve.



    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  4. Uma resenha do Stephen King que não foi feita pela Ana ? hehehehehehehehe
    Sua resenha está lindíssima, juro que vcs estão quase me convencendo ler algo do King, eu prometi para a Ana que vai ser nessa maratona. :D

    ResponderExcluir
  5. Olá, Graziela.

    Eu gosto muito do trabalho do Stephen King (apesar do primeiro A Torre Negra - que livro chato!) e não conhecia esse Revival. Agora já está devidamente inserido na minha lista. Pela sinopse fico me perguntando se a história vai ganhar contornos de Spotlight. Se dominar bem o inglês, indico a leitura do conto dele A Death, sobre pena de morte: http://www.newyorker.com/magazine/2015/03/09/a-death-stephen-king.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  6. A premissa me deixou muito curioso, parece ser um livro com o clima macabro e ao mesmo tempo sensível e intenso que só King nos proporciona. Super ansioso, só um livro do autor (Joyland), que rendeu uma experiência muito boa, mas essa edição e sua resenha fizeram Revival roubar meu coração :D Abraços.

    ResponderExcluir
  7. Não queira me matar, mas Stephen King é um autor que eu não preciso ler. Só as capas já me assustam. A sinopse já dá medinho. Não tenho coragem alguma. Não é pra mim.


    E sobre Jack Nicholson: <3 Amor! Muito amor!! Mas nem assim eu vi O Iluminado. hahahaha

    ResponderExcluir
  8. Nossa amei a resenha, eu ainda não li nada do King, vergonha eu sei, mas tenho curiosidade de ler, sempre vejo elogios, quando comecei a ler a resenha e vi você falando que ele tocou seu coração, fiquei tipo "What?" hahaha Revival parece ser um ótimo livro e que deve ser lido, irei coloca-lo na lista, sou medrosa, mas sabe aquelas medrosas que mesmo assim assisti filme de terror, essa sou eu.
    Beijos *-*

    ResponderExcluir


  9. Oiiee,só ver uma resenha dos livro de Stephen King eu me lembro na hora do meu irmão,ele é apaixonado por esse autor e a sua trajetória com o autor também começou como O Iluminado,ele ama tanto o filme quanto o livro,e vive me enchendo os pacovás para ler esse autor. Ele me disse que ele é brilhante e já escreveu muitíssimos livro...bom eu acredito totalmente nisso rs mas não têm jeito,enquanto tiver livros românticos disponíveis,eu sou resistente á dar chance á leituras diferentes...sou difícil haha kkkkkk

    Mas mesmo não sendo do meu gênero favorito eu sei apreciar uma boa premissa quando vejo,e esse livro têm um enredo muito bom,por tudo que você falou me parece uma história de redençÃo e perdão. Fico curiosa para saber como o autor tratou a relaçÃo entre um cantor rebelde e um reverendo.
    Como você disse e meu irmão vive repetindo,os livros dele são bem grandes mesmo,e isso dá uma desanimada para dizer a verdade,mas se ele souber trabalhar bem todos os aspectos para o livro não acabar ficando monótono,não vejo problemas nisso,muito pelo contrário,um livro longo mais bem trabalhado é bom demais!!

    Eu vou perguntar para o meu irmão se ele leu esse,se não eu vou recomendar para ver o que ele acha!!

    Ah,eu achei essa capa do livro muito simples kkk Mas acho que todos os livros dele segue esse estilo de capa né?!

    Bjinhos

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

:: Resenha 131 :: Insônia, Stephen King

Sinopse: Insônia narra o verdadeiro inferno que se transformou a vida de Ralph Roberts, um pacato aposentado que não consegue mais dormir em paz desde que a mulher morreu. O sono não chega e, o pior: a escuridão o arremessa à hiper-realidade. Acontecimentos horríveis envolvendo o povo de Derry, no Maine, onde sempre viveu, surgem como flashes em sua mente. Do dia para a noite, Ralph se vê desesperadamente envolvido em um mundo de terror. E tudo o que ele gostaria era de dormir em paz. Conforme o quadro piora, ele começa a ver coisas invisíveis aos olhos dos outros —auras coloridas e seres que, por sua aparência, chama de “doutorzinhos carecas”. Através dessas visões, percebe outros planos de realidade e sua influência sobre o mundo “real”. Mas Ralph não está sozinho nesse jogo de alucinações inexplicáveis. O químico Ed Deepneau também anda percebendo que coisas estranhas acontecem ao seu redor. Subitamente, os velhos amigos tornam-se inimigos numa guerra entre mundos invisíveis

:: Resenha 153 :: “After 3 – Depois do Desencontro”, Anna Todd

O k, vai ter spoiler sim e se reclamar vai ter mais! Brincadeeeeeeiraa!!! =P É que assim, vamos combinar? Resenha do terceiro livro onde acontece coisa pra diabo, não tem como, vai rolar uns spoilerszinhos de leve, então fique avisado, certo? Se quiser seguir, siga, se não quiser, comenta assim mesmo hahahaha. Bom, parece que todo livro dessa mulher termina com uma bomba. O segundo terminou com a Tessa guardando um segredinho básico do Hardin, lembra que eu até comentei na resenha ? Então, além disso, terminou com ela dando de cara com o pai e é assim que este terceiro livro começa. Confesso que antes de começar, ao ler a contracapa que diz... Sinopse: Tessa passa pelo momento mais difícil de sua vida. Enquanto luta para crescer na carreira com a qual sempre sonhou, seu mundo é virado de ponta-cabeça: a inesperada aparição de seu pai e uma traição imperdoável a deixam mais fragilizada do que nunca. Hardin — com seus beijos viciantes, seu toque incendiário e seu ch

:: Resenha 177 :: "A Casa Negra", Stephen King e Peter Straub

Sinopse: Hoje, Jack é um detetive de Los Angeles aposentado e mora no vilarejo de Tamarak, no estado norte-americano de Wisconsin. Um estranho acontecimento forçou-o a deixar a polícia há algum tempo, e ele vive tranqüilo, protegido das recordações perigosas. Mas sua tranqüilidade está prestes a acabar. Uma série de assassinatos macabros no oeste de Wisconsin faz com que o chefe de polícia local, amigo de Jack, lhe implore para ajudar a polícia inexperiente a encontrar o assassino. Em algum ponto do universo parece estar escrito que Jack terá de voltar aos Territórios. Atormentado por mensagens enigmáticas que lhe aparecem como que em sonhos, Jack decide enfrentar o desafio e acertar as contas com seu próprio passado.… E ntão, lembram-se da resenha de O Talismã ?? Lembram que falei sobre uma continuação?! Então, cá estamos nós com A Casa Negra , a supracitada continuação, onde podemos ver um Jack Sawyer adulto, policial aposentando no auge de seus 32 anos e totalmen