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:: Resenha 105:: "Os Bons Segredos", Sarah Dessen


Sinopse: Sydney sempre viveu à sombra do irmão mais velho, o queridinho da família. Até que ele causa um acidente por dirigir bêbado, deixando um garoto paraplégico, e vai parar na prisão. Sem a referência do irmão, a garota muda de escola e passa a questionar seu papel dentro da família e no mundo. Então ela conhece os Chatham. Inserida no círculo caótico e acolhedor dessa família, Sydney pela primeira vez encontra pessoas que finalmente parecem enxergá-la de verdade. Com uma série de personagens inesquecíveis e descrições gastronômicas de dar água na boca, Os bons segredos conta a história de uma garota que tenta encontrar seu lugar no mundo e acaba descobrindo a amizade, o amor e uma nova família no caminho.

Quando eu comecei o blog, nunca esperei que em um ano de vida, menos tempo ainda ativo com resenhas, que iríamos conseguir uma parceria com uma das editoras de grande porte, como a Companhia das letras e por consequência, seu selo jovem, Seguinte. Mas aconteceu, ficamos felizes, ficamos realmente felizes, porque significou que estávamos fazendo um bom trabalho, que as resenhas eram legais, que curtiam a gente e claro, um parceiro significa muitas vantagens para o blog. 
Uma dessas vantagens chegou logo que saiu o resultado, um e-mail falando dos lançamentos e eu logo vi a capa de Os Bons Segredos. Em seguida, fui atrás da sinopse e meu encanto ficou ainda maior, fiquei curiosa, fiquei esperando para ler e quando veio a relação de livros, eu lembro de falar para a Bia que eu queria muito Os Bons Segredos, eu aceitaria qualquer outro livro que sobrasse, mas daquela lista eu queria aquele livro! Portanto, eu preciso dizer antes de começar a resenha em si ,muito obrigado para a Bia, a Ana, a Grazi e a Bell por fazerem parte desse blog e contribuírem, cada uma o seu modo, de tal forma que hoje eu terminei um dos livros mais lindos que já li na minha vida! 

Não me leve a mal quando eu te falo que sim, eu julgo um livro pela capa. Eu compro livro se a capa for bonita, me julguem, mas enfim, eu sou assim, e dane-se. Por muitos anos eu mexi com Photoshop, fazendo composições, capas para Facebook ou fóruns, enfim, eu gosto de belas imagens principalmente se uma imagem me faz pensar qual é a história por trás dela, e foi isso que aconteceu quando vi essa capa. Eu queria conhecer a história por trás daquele carrossel e do cavalo se libertando, aquela imagem me despertava uma curiosidade sem tamanho, existia alguma mensagem por trás dela e mesmo depois de ler a sinopse, que não ajudou em nada em aplacar a minha história. Vale dizer que a capa é exclusivamente brasileira, e ganha, de longe, da capa original. 


Quando nos vemos diante da coisa mais assustadora, só queremos voltar atrás, nos esconder no nosso lugar invisível. Mas não podemos. É por isso que o importante não é apenas sermos vistos, mas ter alguém que nos veja também.

O livrou chegou, eu comecei a ler, e aos poucos fui me entregando para a história. Sydney se sente invisível, seus pais só enxergam seu irmão mais velho, um jovem problemático com diversas passagens pela polícia e pouco ou nenhuma iniciativa séria dos pais de tentar ajudar esse jovem a tomar um rumo certo na vida. E na escola, ela é a irmã do Peyton, o famoso bad boy charmoso, e sendo uma pessoa discreta e avessa a festas, continua invisível. Até que Peyton faz algo que seus pais não conseguem resolver, ele atropela um jovem menino, David Ibarra, e o deixa em uma cadeira de rodas para toda a vida, enquanto que Payton deve cumprir pena pelo acidente, já que estava dirigindo alcoolizado e sob efeitos de drogas. 


Começou com as primeiras prisões de Peyton, com a minha surpresa enorme ao ouvi-la defendê-lo, mesmo quando o que ele fazia era indefensável. Não importava o crime, ela conseguia encontrar algum motivo para meu irmão não ser totalmente culpado. E então veio o acidente com David Ibarra.

A história começa exatamente nesse ponto, no julgamento, mas a autora se preocupa em contar que aconteceu antes, sempre sob o ponto de vista da Sydney, já que ela narra todo o livro. Aos poucos vamos conhecendo mais da rotina solitária da menina, que decide trocar de escola para ter um novo começo, e lá ela conhece Layla Chatham e se surpreende ao responder de forma sincera uma pergunta simples. Quando todos perguntavam se ela estava bem, Syd sempre dizia que sim, apesar de cada vez mais se sentir sozinha e ressentida pela maneira que a mãe ignorava, exceto o seu irmão, e pela forma como o pai estava cada vez mais afastado da família, mas quando Layla pergunta se ela está bem, ela responde que não. 


Era um tipo estranho de solidão, a sensação de que algumas das minhas melhores amigas nem sabiam que eu existia. Ainda que minha mãe estivesse em casa, sem elas o lugar parecia tão vazio que criava uma sensação de vazio dentro de mim, tão forte que eu chegava a lamentar o momento que descia do ônibus depois da escola. Sentia que minha própria vida era entediante e triste na maior parte do tempo, então de certa forma era reconfortante mergulhar na vida de outra pessoa.

As duas acabam desenvolvendo uma sincera amizade, Layla e Syd passam cada vez mais tempo juntas na escola e na pizzaria que os Chatham possuem e Sydney é logo introduzida na família Chatham, seja começando a trabalhar entregando pizzas com Mac, nas tardes com Layla, nas conversas sobre reality show com a Sra Chatham, enfim, com essa outra família, tão diferente da sua, a menina se sente acolhida e protegida, começa a se descobrir e a deixar de ser invisível. 


Pra mim, os Chatham eram como aquele carrossel no meio da floresta. Depois de muito tempo sem saber de sua existência, por pura sorte trombei com eles. Agora eu era incapaz de esquecer e voltar a ser como antes. Só saber que eles existiam já mudava tudo. Principalmente a mim mesma.

Dois personagens me chamaram a atenção sobre esse livro, uma delas foi a mãe da Sydney, ou mais precisamente a falta de percepção dela. Existe esse personagem, Ames, que é amigo do Peyton, e na necessidade desesperada de ter algo do filho por perto, Julie, mãe da Syd, traz esse personagem para dentro de casa, para perto da filha, sem notar os mil sinais que a filha dá de que não o quer por perto. É quase desesperador ver acontecer e ao mesmo tempo tão real. Quantas mães cegas para os pequenos sinais que os filhos dão não existem por aí? 
E existe o Macaulay – Mac – Chatham, irmão mais velho da Layla (ele a Syd tem a mesma idade, 17 anos, enquanto a Layla é um ano mais nova), reservado, saudável, baterista de uma banda e com a mania de tentar consertar as coisas, Mac vira uma constante na vida de Syd, sempre estando por perto quando a menina precisa, mesmo sem ela pedir ou perceber e deixa claro que para ele, Syd nunca foi invisível, tanto que... bem, eles tem 17 anos, o que você esperava que poderia acontecer?


O que eu merecia, então? Apenas uns pouquíssimos segundos em que as coisas pareciam bem, o suficiente para me fazer desejar mais? Era isso? Comecei a achar que sim, que simplesmente não conseguia o que queria, e talvez nem fizesse ideia do que era. Mas quando Mac me fez virar para ele e nossos olhares se encontraram, percebi que estava errada. 

Os Bons Segredos é o tipo de livro que precisa ser apreciado, ele é delicado, leve, te prende sem fazer grandes suspenses ou reviravoltas, você segue lendo sem parar porque se sente tão envolvida pela história que quer seguir em frente, quer salvar aquela família, porque afinal, esse livro não é um romance, mas sim um livro sobre famílias. Sobre o amor amigo, o amor sincero e o amor fraternal. Imperdível é pouco, não esperava dizer essas palavras, mas hoje eu sou mais uma fã da autora Sarah Dessen e Os Bons Segredos entrou para a minha lista de favoritos, e a frase que eu li na propaganda desse livro é verdade, há segredos muito bons para serem guardados — e livros muito bons para serem esquecidos.




Título: Os Bons Segredos
Título Original: Saint Anything
Autor: Sarah Dessen
ISBN-13: 9788565765763
ISBN-10: 8565765768
Ano: 2015
Páginas: 408
Editora: Seguinte
Idioma: Português
Compre aqui: Amazon
Skoob, GoodReads
Classificação:

Comentários

  1. Estou louca para ler esse livro já faz um tempo, já li um livro dessa autora e não foi a melhor leitura, mas fluiu de uma maneira inacreditável quando percebi já tinha terminado de ler o livro.
    Essa autora sabe muito bem como relatar problemas familiares em seus livros, e faz com que o leitor acaba se envolvendo de mais com a história, gosto muito disso, espero poder ler logo esse livro apesar de já ter visto muitos comentários negativos dizendo que o livro é cansativo e com os capítulos muito longo, mas estou muito curiosa ainda mais que você falou do carrossel do cavalo se libertando, a curiosidade maior é pra saber se tem ou não explicação para essa imagem na capa (muito bonita aliás). E Talita, fica tranquila, também julgo o livro pela capa, e dou preferência aos de capa mais bonita na hora da leitura. Espero não me decepcionar com essa leitura, pq para um livro para ser perfeito para mim, não basta ele ter só a capa bonita, o conteúdo também tem que me agradar! Bjs

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    1. Os capítulos são longos, mas eu não imaginaria algo diferente. É um assunto pesado, envolve a relação de uma mãe e filha, não teria como ter cap curtos e levianos. Eu não achei cansativo, porque me envolveu, eu queria ler e descobrir a cada nova página o que estava acontecendo e principalmente o que faria tudo mudar.
      E sim, existe uma explicação para o carrossel e o significado dele quando a gente lê todo o livro percebe exatamente o que queriam dizer com o cavalo fugindo ;)

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    2. Entendi Talita, vou ler e tirar minhas próprias conclusões, quero muito saber o significado dessa imagem! :)

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  2. Nossa, que lindo! Eu já tinha lido resenha sobre o livro, mas ele ainda não tinha me cativado o suficiente. Mas agora sim!!! Eu sempre recebo por e-mail os posts aqui do blog, venho conferir e nunca havia comentado, mas hj eu me senti obrigada a elogiar a sua resenha e dizer q eu fiquei doida pra ler kkkkkkk. Já tinha lido muitos elogios a Sarah Dessen, mas ainda não li nada dela. Esse livro vai mudar isso, Talita!!! rsrs. E eu tb sou do time que se liga muito às capas dos livros, rs.

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    1. Que bom que você gostou Crika! Espero te ver mais vezes aqui no blog, afinal todo mês os comentários valem uma surpresa, esse mês temos um livro da J.K.Rowling!
      Espero que goste de Os Bons Segredos, eu me apaixonei pela Syd, Layla, Mac... a escrita da Sarah é muito envolvente, mesmo o livro não sendo cheio de reviravolta é muito emotiva, você se sente próximo da personagem.
      Bjs

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  3. Talita, quero muito fazer a leitura desse livro, e gostei de saber todos os pontos que ele possui. A autora parece ter uma forma gostosa de escrever e envolver o leitor, uma capacidade enorme de nos emocionar e envolver com temas que fazem parte do nosso cotidiano sem tornar a leitura pesada. Sem contar que livros que trazem amadurecimento e casos familiares sempre me agradam.
    Espero lê-lo em breve e me entregar nesta esta história.
    Bjs!

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  4. Também sou dessas que julgo o livro pela capa, às vezes o livro pode até ter uma sinopse ruim, mas só pela capa me dá vontade de ler mesmo assim.
    Sobre a resenha, o livro parece muito bonito, com algo a ensinar, encantador e calmo. No momento, eu estou numa ressaca literária, então não seria o melhor momento pra ler, pois pode ser tão calmo que eu enjoaria fácil. Mas espero ler um dia, com bastante atenção e disposição para me entregar totalmente à leitura!

    Beijo!

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  5. Só tenho uma coisa a dizer: EU LI E É MARAVILHOSOOOOOOOO, Talita você tinha rasão. Tanta gente não gostou do livro, mas eu amei de verdade, agora só sinto saudade dos personagens (além da raiva que ficou do Ames e da própria mãe dela). Terminei o livro faz mais de uma semana, mas só vi essa resenha aqui agora. Minha melhor leitura de 2015

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