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:: Resenha 96 :: Não Brinque com Fogo, John Verdon

Sinopse: No ano 2000, um criminoso que ficou conhecido como Bom Pastor matou seis pessoas em estradas, dentro de seus carros em movimento. Na época, ele enviou um manifesto à polícia no qual deixava claras suas motivações: uma cruzada solitária contra a ganância. Após o sexto assassinato, no entanto, encerrou a matança e nunca foi descoberto. Dez anos depois, uma jovem estudante de jornalismo está fazendo um documentário sobre os familiares das vítimas quando coisas estranhas começam a acontecer em sua casa. Objetos são trocados de lugar, maçanetas são afrouxadas, luzes se apagam sozinhas. Assustada, ela contrata Dave Gurney como consultor. Depois de ler o material sobre o caso – incluindo o perfil psicológico do assassino elaborado pelo FBI –, o detetive coloca em dúvida toda a lógica da investigação. Ao confrontar os agentes responsáveis, porém, Dave percebe que está mexendo em um ninho de vespas, o que fica evidente quando até pessoas que o apoiaram no passado se voltam contra ele. Agora seu único aliado é o antigo parceiro Jack Hardwick, um policial grosseirão e debochado que não esconde seu desprezo pelas autoridades. Com sua ajuda, Dave tem acesso aos relatórios confidenciais do caso e começa a própria investigação. Mais uma vez, ele se colocará em risco enquanto tenta provar seu ponto de vista e capturar o criminoso. Além de reunir todas as qualidades da série Dave Gurney – personagens bem construídos e uma admirável engenhosidade narrativa –, “Não Brinque Com Fogo” vai além: é um lembrete do poder da fé em si mesmo num mundo onde isso é cada vez mais raro. 

Eu já falei com vocês sobre essa série e como eu descobri John Verdon e ele me fez voltar para o gênero policial, dito isto, é obvio que eu sou uma grande fã desse autor, afinal, o cara tem o poder de te fazer perder a cabeça procurando pelo assassino, sem exagero!

Eu li Não Brinque com Fogo ano passado, na verdade eu descobri o Verdon no fim de 2013 e comecei a ler seus livros em 2014, e esse ano eu já apresentei para vocês os dois livros anteriores, Eu sei o que você está pensando e Feche bem os olhos, ambos foram espetaculares, mas Não Brinque com Fogo foi SENSACIONAL! 

Eu precisei reler, eu não queria fazer uma resenha superficial. Entre os três livros da série, ele se tornou o meu favorito, o único que eu uso para convencer as pessoas a darem uma chance para esse autor, então quando falei para a Bia que resenharia essa série na espera do quarto livro, Peter Pan tem que morrer (resenha em breve!), eu falei com ela que não iria apenas resenhar o novo, mas que pegaria do começo, e que o terceiro eu precisaria reler, iria me dar esse prazer de tentar descobrir pela segunda vez quem é o Bom Pastor.

– Se o dia de hoje servir como exemplo, pode haver algumas reviravoltas ocultas.
Ela lançou-lhe um daqueles seus olhares longos, pensativos, que pareciam enxergar a alma de Gurney. Depois, com esforço evidente, deu um sorriso iluminado.
– Com você no trabalho, não imagino que elas fiquem ocultas por muito tempo.

Não me entenda errado, eu reli sabendo quem era o Bom Pastor, afinal eu tomei um choque quando ele é revelado. O tipo de surpresa que faz todo o sentido e você se pega pensando como não viu aquilo antes? Quando eu fiz essa releitura, sabendo quem o cara é, eu vi todas as dicas, falsas e verdadeiras, dadas pelo Verdon, e o sentimento fica ainda maior, porque, sim, está lá no livro, se você ler sabendo quem é o assassino, você vai achar todas as dicas, mas a teia de aranha construída pelo Verdon é tão forte, tão tensa, as outras possibilidades são tão reais que eu duvidei da minha memória em diversos momentos. Mas isso é fato garantido nos livros do Verdon, o que faz, então, Não Brinque com Fogo ser tão melhor, na minha opinião, que os três anteriores.

A resposta é simples e meio macabra, é o assassino em si. Podem ficar tranquilos, não vou revelar nada aqui que comprometa a leitura, aliás, leia esse livro com a mente aberta e pronta para virar um nó, mas eu preciso deixar registrado que a habilidade desse autor em construir antagonistas é magnífica. Dave é um desvendador de mistérios genial, isso sempre é dito, então para alguém fazer frente a ele tem que ser um monstro, e nesse livro temos O monstro! Para vocês terem uma ideia, na história, o Bom Pastor é um assassino em série que há 10 anos matou 6 pessoas em uma estrada escura no interior, usando uma arma cara e de grande calibre, capaz de desfigurar a vítima. Depois da sexta morte, ele simplesmente sumiu do mapa, deixando para trás um manifesto contra a ganância, afinal, tudo que as vítimas tinham em comum era o fato de dirigirem Mercedes pretas de luxo. 
– Eu te amo.
– Ah, meu Deus. – Ele a encarou. – Estou com medo, Maddie. Sempre fui capaz de deduzir as coisas. Só peço a Deus que eu saiba o que estou fazendo. É só isso que posso fazer.
Ela pôs os dedos suavemente nos lábios dele.
– Você é brilhante.
Mas antes de falar mais do vilão, vamos falar do livro em si. Em Não Brinque com Fogo, Dave está deprimido, o trágico desfecho do caso Perry, que acompanhamos em Feche bem os olhos, mexeu com o nosso herói a ponto que a sua esposa (e a personagem que eu mais curto nessa série) Madeleine, que sempre foi avessa ao marido se envolver em investigações agora que ele finalmente está aposentado, o incentiva a ajudar uma amiga a acompanhar a filha dela, que pretende fazer um documentário com as famílias das vítimas do Bom Pastor. 
Não é a vítima que acorda numa cama vazia, numa casa vazia. Não é ela que sonha ainda estar viva e acorda com a dor de perceber que não é verdade. Não é ela que sente a fúria repugnante, o sofrimento causado por sua morte. Não é ela que tem que ver a cadeira vazia junto à mesa, ouvir sons que parecem sua voz. Não é ela que vê o armário cheio de suas roupas... – A voz de Kim estava ficando rouca. Ela pigarreou. – Não é ela que sente a agonia de perder a coisa mais importante de sua vida.
E aí que tudo se complica, porque Kim, a tal filha da amiga dos Gurney, vem recebendo ameaças sutis, coisas que desaparecem em sua casa, respingos de sangue em sua cozinha, tudo indicando para o seu ex namorado, mas Dave começa a questionar se isso não são ameaças mais sérias. E somando ao fato que o Bom Pastor nunca foi pego e que existem grandes furos na teoria do FBI para o caso, Gurney acaba entrando de cabeça no mistério, ganhando mais inimigos a cada novo confronto com o FBI e tendo como ajuda somente do seu questionável amigo Jack Hardwick, de sua esposa e do seu filho, Kyle. Dave toma como missão desvendar a identidade do Bom Pastor e mostrar ao mundo que o FBI fez cagada. Das grossas! 

Sou um detetive, pensou. Talvez sempre tenha sido e, de um modo ou de outro, sempre seja. Esse é um fato da minha vida, independentemente do meu contracheque ou da minha posição na cadeia de comando. Tenho talentos que me tornam o que eu sou. O que importa é o exercício desses talentos, não a opinião de Rebecca Holdenfield, de Matt Trout ou de qualquer outra pessoa. Minha autoestima, o que me prende à vida, depende do meu comportamento, não das reações de uma psicoenrolona criadora de perfis ou de algum agente federal burocrata que eu nem conheço.

Uma das coisas que eu mais amei nesse livro, além do já citado vilão, é a aparição do Kyle Gurney. A relação delicada entre pai e filho sempre foi abordada nos outros livros da série. Kyle é filho do primeiro casamento de Dave que acabou mal. Para Dave, seu filho herdou da mãe um apego pelo dinheiro, coisa que o Dave é avesso e somando com isso o seu passado não muito bom com o próprio pai, Dave não sabe ser pai e muitas vezes vemos Madeleine intervindo na situação, sendo a voz da sensatez, mostrando para o marido que o filho quer ser parte da vida dele, que na sua maneira errada, Kyle quer a aprovação do pai, e aos poucos, Dave vai percebendo e o livro ganha um toque emocional que só deixa a narrativa ainda mais imperdível. 
– Não sou nenhum herói.
– Muita gente vê você assim.
Ele balançou a cabeça.
– Heróis são fictícios. São seres inventados para servir a um propósito nas narrativas. Os contadores de histórias da mídia é que criam heróis. E, assim que os criam, os destroem.
A observação criou um silêncio constrangedor.
– Às vezes eles são reais – retrucou Kyle.

Se você quer saber se o Dave está certo e o FBI errado, se você quer saber quem é o Bom Partor, ou porque ele matou apenas 6 pessoas e parou, então por favor, leia esse livro!! Eu não posso falar mais ou soltarei spoiler, então faça um favor para você e leia essa série! Agora!


Título: Não Brinque com Fogo
Título Original: Let the Devil Sleep
Série: David Gurney #3
ISBN-13: 9788580411911
ISBN-10: 8580411912 
Ano: 2013
Páginas: 400
Editora: Arqueiro 
Compre aqui: Amazon 
Classificação:

Comentários

  1. Já anotei esse livro em minha lista. Vou procurar ler a serie do começo. Adoro livros de mistérios e esse parece que vai me prender e surpreender.
    Ótima indicação Talita.

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    Respostas
    1. Outro dia eu vi o Eu sei o que você está pensado (o primeiro livro da série) por R$ 19,90.
      Eu estou louca para ler o quarto livro Peter Pan tem que morrer (amo esse título!!), rezando para ele ser melhor que o terceiro, porque Não Brinque com fogo é o meu favorito vai ter que ser espetacular para me ganhar!!

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    2. Eu não sabia que Peter Pan tem que morrer fazia parte dessa serie. Quando li isso fiquei surpreso e animado para ler esses livros.
      Black Friday ta chegando ai e pretendo comprar muitos livros, e já deixei anotado o Eu sei o que você está pensado.
      Eu estava observando e as capas dos livros não se parecem em nada, acho que é por isso que não imaginei no inicio que Peter Pan tem que morrer fazia parte de uma serie.

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  2. To muito interessada nessa série, o título do quarto livro é realmente muito bom, confesso foi o que me fez querer ler essa série.

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    1. Eu pretendo começar ele semana que vem! Minha mão está coçando para ler esse livro ainda mais agora que descobri que vamos ter um livro 5!!

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    2. Eu ainda vou demorar um pouquinho, comprei uns livros essa semana. Minha mãe falo q eu só compro mais livros agr no meado do mês q vem! :'( huashuahua

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