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:: Resenha 84 :: A Revolução dos bichos, George Orwell

Sinopse: Cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Granja do Solar rebelam-se contra seus donos e toma posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário, sob o slogan “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”.
Mas não demora muito para alguns bichos – em particular os mais inteligentes, os porcos ­– voltem a usufruir dos privilégios, reinstituindo aos poucos um regime de opressão, agora inspirado no lema “todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”. A história da insurreição libertária dos animais é reescrita de modo a justificar a nova tirania, e os dissidentes desaparecem ou são silenciados à força.
Instrumentalizada na época da Guerra Fria como arma anticomunista, A revolução dos bichos transcende os marcos históricos da ditadura stanlista que inspirou e resplandece hoje, passados mais de sessenta anos de seu surgimento, como uma das mais extraordinárias fábulas sobre o poder que a literatura já produziu.


Bem, todos têm seus rituais de leitura, e comigo, não seria diferente. Toda ver que começo uma nova leitura, eu leio todas as informações da capa e contra capa antes... As duas orelhas, tudo, para assim dar inicio a leitura propriamente dita. No inicio desse meu ritual, eu li o seguinte texto na orelha da capa:

“Quando foi pubicado, em 1945, depois de rejeitado por várias editoras – entre eles o poeta T. S. Eliot –, A revolução dos bichos causou mal-estar no establishment literário e politico da época, pois foi imediatamente percebido como sátira feroz a ditadura stanlista, e os soviéticos ainda eram vistos como aliados na luta contra o nazifascismo. Para agravar o desconforto, os lideres do regime totalitário da Granja dos Bichos eram porcos – o que soou como uma ofensa direta aos dirigentes russos.
De fato, a analogia era escancarada. Como não identificar nos expurgos, nos assassinatos, nos exílios e na distorção da memória histórica o que estava ocorrendo na União Soviética? Como não ver Stálin no despótico Napoleão e Trotski no proscrito Bola-de-Neve?
Poucos anos depois, a situação se inverteu: com o acirramento da Guerra Fria, o Ocidente passou a usar a fábula política de George Orwell como arma ideológica anticomunista – situação incômoda para o próprio autor, que se professava socialista e havia lutado como voluntário ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola.
Hoje, passadas seis décadas de profundas transformações na face do mundo, esta pequena obra-prima resiste intacta como trabalho de fantasia em torno dos mecanismos do poder, no qual os diversos animais encarnam as fraquezas humanas que levam à corrosão dos ideais igualitários e sua transformação em tirania.”

Leram tudo? Sentiram o drama? Perceberam a pressão? Então, quando acabei de ler isso tudo eu pensei.... Puta que pariu! Sou burra demais para esse tipo de leitura! Não vou entender nada, esse troço de política é chato e esse livro é inteligente de mais para mim! Me revoltei gente! É sério!

Mas olhando pelo lado positivo, o livro é fino, é tido como um dos clássicos da distopia... Eu precisava ler, ou ao menos tentar... Logo, como missão dada é missão cumprida, eu comecei essa leitura de George Orwell.

Esse livro começa contando a historia dos bichos da Granja do Solar. Certo dia o mais idoso, inteligente e respeitado deles, um porco premiado chamado Major, decide fazer uma reunião clandestina, durante a madrugada para partilhar com os demais bichos o seu sonho; os bichos eram governados por eles próprios, sem a submissão e a exploração do homem.

"Camaradas, já ouvistes, por certo, algo a respeito do estranho sonho que tive a noite passada. Mas falarei do sonho mais tarde. Antes, tenho outras coisas a dizer. Sei, camaradas, que não estarei convosco por muito mais tempo, e antes de morrer considero uma obrigação transmitir-vos o que aprendi sobre o mundo. Já vivi o bastante, e muito tenho refletido na solidão da minha pocilga. Creio poder afirmar que compreendo a natureza da vida sobre esta terra tão bem quanto qualquer outro animal vivente. É sobre o que desejo vos falar."

O velho Major ensinou a todos uma antiga canção intitulada Bichos da Inglaterra, que resume a filosofia do Animalismo, exaltando a igualdade entre eles e os tempos prósperos que estavam por vir, deixando os animais extasiados com tais possibilidades.

Três dias depois Major vem a falecer, porem suas palavras não foram esquecidas. A canção era sempre entoada pelos animais que viviam a espera do momento oportuno ao qual essa revolução aconteceria. Poderia não ser na geração deles, nem na próxima, mas eles fariam de tudo para levar esse ideal à diante. A revolução, esse sonho de liberdade, um dia, seria realidade!

“Não está, pois, claro com água, camaradas, que todos os males da nossa existência tem origem na tirania dos humanos? Basta que nos livremos do homem para que o produto de nosso trabalho seja só nosso. Praticamente, da noite para o dia, poderíamos nos tornar ricos e livres. Que fazer, então? Trabalhar dia e noite, de corpo e alma, para a derrubada do gênero humano. Esta é a mensagem que eu vos trago, camaradas: rebelião! Não sei dizer quando será esta revolução, pode ser daqui a uma semana ou daqui a um século, mas uma coisa eu sei, tão certo quanto vejo esta palha sobe meus pés: mais cedo ou mais tarde, justiça será feita. Fixai isso, camaradas, para o resto de vidas curtas vidas! E, sobre tudo, transmitir esta minha mensagem aos que virão depois de vós, para que as futuras gerações continuem na luta até a vitória.”

Certo dia, o dono da Granja do Solar, o Sr. Jones, relaxa na alimentação dos animais, e é aí, nesse momento, que todos se rebelam e a Revolução dos Bichos acontecem antes do esperado. A Granja do Solar torna-se Granja dos Bichos. Logo, os bichos mais astutos da granja, os porcos Napoleão e Bola-de-Neve, encabeçam uma nova era. Todos os demais se juntam e decidem por fazer os sete mandamentos para o qual todos os bichos vedem seguir:

1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.

E o principal lema: “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”.

Todos vão bem, o sistema começa totalmente igualitário, há fartura na comida e todos se organizam de maneira a efetuar os trabalhos para que a fazenda permaneça ativa. O clima é de harmonia. As terras são deles e não precisam sobreviver com a tirania dos humanos.

Conforme o tempo vai passando, Bola-de-Neve e Napoleão vão estudando mais, aperfeiçoando suas leituras e escritas, pegando os livros da grande casa e absorvendo todas as informações, para a melhoria da Granja, obviamente. Todos os domingos os bichos se reúnem, e lá decidem muitos assuntos. A divisão dos trabalhos para a próxima semana, problemas atuais, projetos futuros para a melhoria da granja e ao final, o Hino Bichos da Inglaterra.

Com o passar do tempo, ficou decidido que os porcos, por trabalharem incessantemente com suas inteligências, não trabalhariam com os demais bichos na fazenda, e sim, continuariam se dedicando a melhorias da granja. Durante varias reuniões, Napoleão e Bola-de-Neve passaram a divergir em suas opiniões, até o dia em que Napoleão se cansa e expulsa Bola-de-Neve da Granja com seus cães de guarda no encalço de Bola-de-Neve. E o Golpe se instaura na Granja dos bichos com uma nova era de tirania, opressão e execuções.

Ao finalizar a leitura, descobri que não foi tão chato assim como imaginei que fosse. A leitura é realmente rápida e fluída. É realmente um clássico da distopia e acho que, principalmente agora, nesses momentos de crise política ao qual passamos, é uma boa leitura. Admito que sou alienada sobre assuntos políticos, mas mesmo assim, consegui entender, de maneira bem simples, os problemas passados e atuais, porque, infelizmente, esse tipo de regime ainda se aplica em alguns países mundo a fora.

Eu acho que esse livro deveria ser de leitura obrigatória em todas as escolas. E para minha felicidade, descobri que está sendo utilizado. Nunca se é cedo demais para formar bons cidadãos. #AnaConsciente



Título: A Revolução dos Bichos
Autor: George Orwell
Gênero: Distopia
ISBN-13: 9788535909555
ISBN-10: 8535909559
Ano: 2008
Páginas: 147
Editora parceira: Companhia das Letras
Compre aqui: Submarino
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Comentários

  1. Respostas
    1. isso! junto com King! poe aí na lista por favor! obrigado, de nada!

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  2. Eu sou absolutamente apaixonada por essa obra! Para quem realmente presta atenção ela abre os olhos para o mundo, não só em termos de política, mas em termos de relacionamento entre as pessoas.

    Lembro no período das últimas eleições que foi uma das obras mais comentadas pelas pessoas que queriam que o PT não continuasse no poder e, convenhamos, usaram a obra com bastante propriedade! Infelizmente as pessoas que queriam que o atual governo continuassem ridicularizavam a obra, alegando ser ela algo absolutamente não relacionado a qualquer contexto que não uma fábula de bichinhos ou uma guerra há muito finalizada. FALTA DE CULTURA É DOSE! Você pode até não concordar que ela sirva como exemplo para a conduta atualmente usada pelo seu partido, mas ridicularizar a obra por isso é baixaria e deveria ser proibido por lei!

    O livro é PERFEITO, ao meu ver! Ensina história de uma forma leve e de fácil compreensão para diversas classes.

    Parabéns pela leitura e pela resenha! Recomendo que leia também A REVOLUÇÃO DE ATLAS. É uma trilogia completamente arrasadora.

    Mariana

    Veja também nossa resenha sobre esse livro: http://conchegodasletras.blogspot.com.br/2015/05/resenha-revolucao-dos-bichos.html

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    1. Marli, não sou dotada de uma grande profundidade politica, o que é até errado. Acho que o mínimo, todos devem ter ciência, mas também não tenho saco para militantes que tentam a todo custo te vender um ideal politico que eles acham que ser o certo. Não discuto politica. Acho que cada um tem sua opinião e ponto final.
      Li esse livro por ser um clássico da distopia, e em momento algum pensei em politica. Até achei meio assustador as sinopses nele contida, devido às informações sobre a influência durante a guerra, a critica com o governo russo, o nazi fascismo e talz. Mas depois que li, e o susto passou, eu tive a oportunidade de desfrutar de uma maravilhosa leitura!
      Tenho admirável mundo novo e quero o 1984. Amei laranja mecânica e amo esse negócio de distopia.
      Quando descobri que meu sobrinho teve que ver o filme A revolução dos bichos na escola, eu achei o máximo! A leitura te influencia muito, então se colocarmos nossas crianças e jovens para terem boas leituras, quem sabe o futuro do nosso país não seja bem diferente do que é hoje em dia?
      Eu tô tentando com o meu aqui em casa.... Ele nem tem 10 anos, mas já tem uma listinha de leitura de acordo com a idade!! Huahuahua
      Sou uma mãe chata! Admito!
      Muito obrigado por ter gostado da resenha... foi uma das que me deixou mais insegura em fazer... Vou lá dar uma espiada na sua!! Beijinhos!!

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  3. Já me falaram sobre ele, mas não levei fé pois não entendo absolutamente nada de política (tbm ñ gst). Agora lendo essa resenha ele pareceu ser interessante, vou procurar para ler!

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  4. Olá,
    não tenho palavras pra descrever o qual bom é esse livro. Ele faz uma crítica clara a União Soviética, que na época ocorreu exatamente assim, começando como um sistema igualitário e justo para todos e dai pra frente . . . . Bom, recomendo de mais esse livro, concordo que deveria ser leitura obrigatória em TODAS as escolas, porque não ensina política, ensina caráter. Duvido que em um futuro próximo alguma criança que leu o livro vai querer ser o porquinho da história. E também é legal ressaltar que o livro não chega a fazer uma crítica ao comunismo não, porém faz ao comunismo que estava ocorrendo na USSR. 100/10 pra esse livro!!! hahaa

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    1. "... deveria ser leitura obrigatória em TODAS as escolas, porque não ensina política, ensina caráter."
      Lindo isso que você disse! Concordo plenamente!!

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    2. Obrigado Ana, é o que eu realmente penso. :D

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  5. SÓ TENHO A DIZER QUE VOCÊ É MINHA GEMULAAAAAA KKK.FAÇO O MESMO RITUAL,SE A CAPA FOR LINDA AINDA DOU UMA OLHADA ESPECIAL.EU TAMBÉM NÃO ENTENDO NADA DESSAS COISAS,KKKK.
    MAS OS COMENTARIOS ESTÃO FALANDO SUPER BEM,VOU TENTAR LER QUANDO SURGIR OPORTUNIDADEA.$$$$$$

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    1. essa falta de Oportunidade($$$), também tenho muito as vezes!! huahuahua
      Mas leia sim! vale muito! não é esse bicho de 7 cabeças que eu pensei que fosse!

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  6. Me sinto meio burra em relação a politica. Pensando bem em relação a um monte de coisas,mas adorei a resenha.Jura esse livro não foi escrito atualmente? rsrsrsrs
    Coitado do Bola-de-Neve infelizmente ate na granja não se pode discordar dos mais fortes. Quero ler.

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    1. Também me sito assim Fernanda! Mas juro que o livro não te faz sentir assim! é um jeito bem simples de abrir seus olhos para o mundo! Depois que ler, você vai ver que estou dizendo a verdade! Leia sim!

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  7. Oie
    Faz algum tempo que eu quero ler esse livro mas sempre fico naquela expectativa ao contrário sabe,de que vai ser ruim e eu não vou gostar.Mas é bom ver que o livro não é tão maçante quanto eu imaginava.Eu lembro de ter assistido ao filme na escola,mas na época eu não entendi as referencias politicas que ele trazia.Bem pelo menos agora eu posso ler sem medo,e sei que vou entender o verdadeiro significado de toda a história.

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    1. Exato! o livro não é esse bicho de 7 cabeças que parece. a leitura é super rápida e de fácil compreensão! se eu consegui, todo mundo consegue!!! uhahuhuahua

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    2. E só com essas poucas páginas é impossível que eu não consiga ler,daí já aproveito pra ver o filme novamente logo em seguida pra me atentar melhor aos detalhes,e ver de novo aquele porcão que só baba kkkkkkk

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  8. Eu sou uma bosta quando lê coisas que falam sobre políticos, eu não aguento, nem nos comerciais e acho que este livro não dá para mim. De começo só deu interesse pelas pessoas que o lia, mais agora vi que o livro não tem nada a ver comigo. Talvez quem sabe outro do autor, porque conheço as obras dele, mais este não dá.

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