Pode até parecer não fazerem muito sentido o primeiro e este texto, mas, como introdução, é apenas para deixar claro como as coisas simples podem ser no mínimo interessantes.
Confesso que, particularmente, não gosto de livros que sejam muito comuns ou simples em seu conteúdo, porém um conto, uma pequena história, que mostra como coisas ordinárias podem parecer atraentes já é diferente aos meus olhos. Não sei que tipo de recepção pode ter essa continuação, mas, ainda assim, gostaria que ela fosse apreciada pela sua simplicidade.
Não é um costume. Não gosto de coisas simples.
~~ * ~~
Mr. Vincent
Parte II
Era um homem de visão, com toda a certeza. A vida poderia
ter sido diferente, se assim tivesse permitido ou procurado; mas não era o que
desejava.
Havia todo um complexo de inteligência e visão moderna
que o rodeava, porém se perguntava se existiria realmente a necessidade de todo
um investimento intelectual e profissional para alcançar o mais alto dos
postos. Por vezes acreditava que sim; na maioria das vezes, não.
Suas ambições caminharam por um lado distinto do que lhe
fora proposto pelos pais. A fortuna familiar não se perpetuou da maneira como
desejavam; ele jamais colocou as mãos sobre o dinheiro da herança, menos ainda
sobre os negócios que, indiretamente, lhe eram impostos.
Não possuía qualquer espécie de arrependimento.
Não poderia dizer viver a mais incrível das realizações
profissionais, entretanto se sentia pleno consigo mesmo e simplesmente não
desejava nada além. Toda a fortuna fora dividida entre seus quatro irmãos e
acabou por se recusar a carregar sua parte. O orgulho por vezes era um
problema, tinha de admitir.
Orgulhoso, de classe média, magro, alto e feio... Quem
diria ter conseguido conquistar aquela mulher. Não poderia chamar de tarefa
fácil, porém difícil, também não poderia mentir, não fora. A facilidade estava
na ordinária magnética que os havia tragado um ao outro e isso independia do
dinheiro ou da aparência. Dependia da lábia, dos sorrisos, da maneira com que a
aproximação se deu.
Uma vez mais, não havia arrependimentos. Arrependimentos,
traições, desejos não ortodoxos por outras mulheres. Não poderia dizer ser a
santidade em forma humana, todavia aquela criatura em especial o mantinha
deveras ocupado para que conseguisse pensar em qualquer outra.
Era muito tempo de casamento. Já fora apaixonado, já
desejou ir embora, já havia implorado para que ficasse, já se haviam atracado
de ódio no chão e, posteriormente, feito amor. Se o amor e o ódio caminhavam
juntos, eles eram perfeitos um para o outro.
Monica não poderia se dizer a mulher mais fácil de lidar.
Séria, fria, com aqueles olhos penetrantes. Caso fosse definir, em uma só
palavra, o sentimento que lhe beirava diariamente ao imaginar aquela expressão de
carranca, seria “ansiedade”. Ansiedade por vê-la, por conseguir arrancar um
sorriso seu; ansiedade diária até que retornasse para casa e pudesse mirar seus
olhos escuros.
Os sorrisos estavam menos freqüentes; talvez não fosse
das mais interessantes sensações ser demitida e ter no seu lugar uma mulher
mais jovem. A escolha não era sua, todavia a mudança parecia nada menos do que esdrúxula.
Não importava. Ela era sua e sua somente. Ninguém precisava
aborrecê-la em sala de aula, importuná-la com questões que não estavam atreladas
ao seu contrato. Tinha consciência de que jamais havia se importado com tais questões,
mas ele não se sentia confortável.
Possível que fosse puro egoísmo desejá-la apenas para si.
Talvez pelo fato de que nunca tiveram filhos, jamais aprendera a dividir.
Acostumara-se a capturar os poucos sorriso para si,
enchê-la de agrados para que jamais se fosse, algo que pode ter feito com que o
sentimento de posse desabrochasse em seu peito, o que não existia antes, quando
se conheceram ou até mesmo no início do casamento.
Trinta e dois anos com brigas, sorrisos e nenhum
arrependimento.
Ao abrir a porta da biblioteca escura, o aroma forte do
cigarro penetrou suas narinas e pôde ter a certeza de que ela lá estava,
sentada na cadeira de balanço, observando tudo e ao mesmo tempo nada pela
janela.
Aquele fantástico sorriso se fez nos lábios cheios quando
adentrou ao lugar. Não se colocou de pé; houve somente a movimentação da cabeça
para o lado e o apagar do cigarro no cinzeiro, denotando que a atenção havia
sido prestada como estava nos conformes.
Ela não se incomodava com a sua simplicidade e ele não se
incomodava de ter a mais fantástica das mulheres.
Prazer, Mr. Vicent, gostei do senhor. XD E gostei de conhecer mais um pouquinho sobre a Miss Monica, tinha achado ela tão carrancuda e amarga, mas parece que ela não é tanto assim. Tem mais? Tem mais? :D
ResponderExcluirHahaha. Não era o objetivo inicial, mas, sim, já que desejam, posso fazer uma continuação.
ExcluirUau, belo texto, parabéns Bell!! Não li o primeiro texto, mas vou procura agora e conhecer o início da história de Mr. Vincent (possessivo ele, não?!) e Mônica.
ResponderExcluirgostei de ler um um mais sobre Mr. Vicente e MIsses Monica, vai ter mais? :D
ResponderExcluirTambém não li o primeiro :0
ResponderExcluirAmei e estou esperando mais coisas
bjs
lindo texto adorei o Mr Vicente ,quero mais
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